Para os gregos e romanos da antiguidade, ninfas eram as divindades benéficas que representavam as forças elementares da natureza. Viviam tanto quanto uma árvore, sem jamais envelhecer, e moravam em fontes, lagos, rios e riachos, ma
res, bosques, florestas, prados e montanhas, onde se mantinham livres e independentes, auxiliando os deuses no desempenho de funções secundárias.
Como divindades menores elas não eram imortais, mas permaneciam jovens, belas e graciosas, sendo por isso amadas por deuses e por homens, embora também inspirassem, ao mesmo tempo, temor e devoção no mundo helênico.
Freqüentemente descritas com vestidos leves e quase transparentes, e tendo seus cabelos compridos soltos ou entrelaçados, as ninfas podiam raptar um mortal caso se apaixonassem por ele, como aconteceu com Hilas, herói associado à lenda de Hércules, que ao retirar água de uma fonte foi carregado por elas para o fundo das águas; ou com Hermafrodito, que ao banhar-se numa fonte despertou tamanho amor na ninfa Salmacis que esta o abraçou e pediu aos deuses que fundissem seus corpos num só. Mas também podiam morrer de amor, como no drama da ninfa Eco, que ao se apaixonar por Narciso, sem ser correspondida, ficou reduzida a uma voz que continuou a se lamentar pelas florestas e montes.
Amadas por deuses como Zeus, Apolo, Dionísio e Hermes, mas também aparecendo na mitologia em muitas aventuras sexuais com humanos e sátiros, as ninfas inspiraram pintores de várias épocas a retratar cenas eróticas, o que contribuiu para transformá-las em símbolos da sexualidade feminina. Vem daí a formação de palavras como ninfomania, que é o forte desejo sexual existente em algumas mulheres, e ninfeta, expressão que identifica a adolescente excitante, ou lasciva.
As ninfas estavam ligadas tanto à terra quanto à água, e eram classificadas segundo o lugar em que habitavam. Existiam vários grupos delas, como, por exemplo, as:
- Náiades - ninfas aquáticas extremamente belas, que viviam em fontes e nascentes onde permitiam aos homens beber da água, mas não o banho, punindo os infratores com amnésia, doenças e até mesmo a morte. Possuíam o dom da cura e da profecia, e se dividiam em cinco famílias diferentes: Crinéias (fontes); Limneidas, ou Limnátides (lagos); Pegéias (nascentes); Potâmides (rios); e Eleionomae (pântanos).
- Oréades - ninfas que habitavam e protegiam as montanhas, as cavernas e as grutas.
- Dríades - ninfas associadas aos carvalhos. De acordo com lenda muito antiga, cada dríade nascia junto com uma determinada árvore, vivendo nela ou então em suas proximidades. Quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria, mas os deuses freqüentemente puniam quem destruía uma árvore. A palavra dríade era também usada num sentido geral para as ninfas que viviam na floresta.
- Napéias - ninfas que até certo ponto se assemelhavam às Oréades, porque associadas a vales, colinas e depressões. Difíceis de serem avistadas, já que se escondiam atrás de pinheiros e outras árvores quando da presença humana, eram sofisticadas e acompanhavam a deusa Ártemis (Diana) em suas caçadas. Também faziam parte do cortejo de Febo, ou Apolo, deus do Sol e da Luz, quando este passava pelo céu com a sua carruagem.
- Hamadríades - ninfas que nasciam com as árvores e com as quais partilhavam o destino. Algumas lendas sustentam que elas poderiam viver “cerca de dez vidas de palmeiras”, ou 9.720 anos, enquanto outras falam do poder vingativo que usavam contra os que ameaçavam suas árvores; ou dos castigos que faziam recair sobre os que desdenhassem daqueles que as consideravam como intermediárias entre mortais e imortais, e por isso lhes dirigiam orações.
Os nomes dessas ninfas foram usados por Karl Friederich Philipp von Martius, autor de Flora Brasiliensis, obra idealizada em sua maior parte entre os anos de 1840 a 1906, para identificar cinco coberturas florísticas (toda espécie vegetal que compõe a flora de uma região) existentes no Brasil, cada uma delas correspondendo, de modo geral, às regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste. Assim sendo, Naiádes, ninfas das águas, deu nome à Amazônia; Oréades, ninfas dos campos, aos Cerrados; Dríades, ninfas das florestas, à Mata Atlântica; Napéias, ninfas dos vales e prados, aos Campos Sulinos; Hamadriades, ninfas que morrem e ressurgem com as árvores que lhes servem de moradia, foi usada para nomear a Caatinga cuja vegetação ressurge após as chuvas.
Mas alem delas também existiam outras. Como as:
- Oceanides - ninfas dos fundos inacessíveis do mar, das quais algumas se distinguiram, tais como Clímene, esposa do titã Jápeto, e Dione, amante de Zeus. Irmãs dos rios, eram, segundo Hesíodo, em número de três mil.
- Nereidas – essas 50 ou 100 filhas de Nereu, um deus marinho mais antigo que Netuno, habitavam o mar Egeu. Quase sempre representadas como sendo metade mulher e metade peixe, eram gentis e generosas, mostrando-se sempre prontas a ajudar os marinheiros em perigo. Viajavam sobre golfinhos ou cavalos-marinhos, trazendo na mão ora um tridente, ora uma coroa ou um galho de coral.
- Pegéias - que habitavam as nascentes. Um grupo delas foi responsável pelo rapto de Hilas. Quando os Argonautas fizeram uma escala na Mísia, Hilas se afastou para procurar água e não voltou. É que tendo se aproximado de uma nascente, as pegéias, extasiadas com sua beleza, arrastaram-no para as profundezas das águas.
- Plêiades - ou Atlântidas, são filhas de Atlas, o titã condenado a carregar a terra sobre os ombros. Elas eram sete - Maia, Electra, Taígeta ou Taígete, Astérope ou Asteropo, Mérope, Alcíone e Celeno) -, que cansadas de serem perseguidas implacavelmente pelo caçador Orion, pediram ajuda aos deuses e foram transformadas numa constelação.
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