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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

AS DIVERSAS VISÕES DE LÚCIFER!


Gregos e Romanos
Lúcifer vêm do latim (lux + ferre) e é denominado muitas vezes como sendo a Estrela da Manhã. Sua primeira representação adotando este nome pode ser encontrada na Roma Antiga, onde originalmente era utilizado para denominar o planeta Vênus quando este anunciava o nascimento do Sol. Porém esta idéia de um Deus da Luz associado com a Estrela da Manhã ao invés da Aurora data de uma época muito mais remota, sendo utilizada por Sócrates e Platão. Segundo a Edith Hamilton's Mythology, encontramos nesta idéia um Deus da Luz que estava justaposto com Hélios (o Sol) e Hermes.
Como um arquétipo, Lúcifer era considerado na Mitologia Romana como sendo o filho de Astraeus e Aurora, ou de Cephalus e Aurora. Para os gregos o planeta é simbolizado por dois irmãos: Eósforo e Héspero. Ele é o pai de Ceyx, Daedalion e das Hésperides. Ceyx era um rei justo cuja beleza dizia-se ser quase equivalente a de seu próprio pai. As Hésperides eram as guardiãs das maçãs-de-ouro que Juno ganhou de presente de casamento, sendo auxiliadas pelo Dragão. Lúcifer é "o belo gênio dos cachos dourados, cantado e glorificado em todo antigo epitalâmio; é ele que, ao cair da noite, conduz o cortège nupcial e entrega a noiva nos braços do noivo" (Carmen Nuptiale; ver Mythol. de 1a Grèce Antique, Decharme) como citado na primeira edição da revista Lucifer. Os epitalâmios são antigos cantos nupciais, utilizados originalmente não apenas pelos gregos pagãos, mas também pelos primeiros cristãos, mais um fato que comprova que originalmente Lúcifer não era considerado o inimigo do deus do cristianismo e dos homens.
Eósforo (ou Phosphoros) é a brilhante Estrela da Manhã, enquanto Héspero (ou Vesper, Nocturnus, Noctifer) é o nome dado a Vênus quando este surge lançando sua luz no anoitecer. Na Ilíada encontramos passagens se referindo a estes dois irmãos, nas quais Phosphoros, quando surge das águas do Oceano, anuncia a aproximação da luz divina, enquanto Héspero é considerado durante o anoitecer a mais esplêndida de todas as estrelas que brilham no céu.
A visão sobre Lúcifer ser o libertador da humanidade, um rebelde corajoso que traz aos homens a sabedoria dos Deuses, e por isso sofre os tormentos provocados pela ira de Deus (preferindo agüentá-los a se submeter a uma regra despótica) possui muitas influências do mito grego de Prometeu.
Prometeu era um dos Titãs. Ele e seu irmão Epimeteu se tornaram os responsáveis pela criação do homem não apenas em sua forma física, mas também em suas habilidades. Tendo Epimeteu gasto todos seus recursos nos outros animais, ao chegar no homem não sabia o que lhe dar de especial, pois o homem deveria ser superior a todos os outros animais. Ao recorrer a Prometeu este com a ajuda de Minerva, por quem era protegido, subiu aos céus de onde trouxe aos homens o fogo em uma tocha acesa no carro do sol. Júpiter se irou por Prometeu ter furtado o fogo do céu, e como castigo, mandou acorrentá-lo em um rochedo do Cáucaso, sendo seu fígado todo dia devorado por um abutre. Thomas Bulfinch escreve em "O Livro de Ouro da Mitologia" : " Esta tortura poderia terminar a qualquer momento, se Prometeu se resignasse, a submeter-se ao seu opressor, pois era senhor de um segredo do qual dependia a estabilidade do trono de Jove e, se o tivesse revelado, imediatamente teria obtido a graça. Não se rebaixou a fazê-lo, porém. Tornou-se, assim, símbolo da abnegada resistência a um sofrimento imerecido e da força de vontade de resistir à opressão." O fogo roubado por Prometeu não é o fogo físico; muito mais que isso, creio que o mito se refere ao "fogo da mente", que permitiu ao homem se libertar e conduzir sua vida por si mesmo; o "fogo dos deuses" que possuímos para tornar-nos o próprio deus.
Pode-se traçar também uma semelhança com Apolo, o Deus-Sol. Esta teoria se baseia em seu título de Portador da Luz, tradução literal de seu nome, o que pode associá-lo na cabala a Tiphareth, a Sephirah do Sol, enquanto que sendo a Estrela da Manhã ele é associado a Netzach, a Sephirah de Vênus. Em Tiphareth ocorre a primeira das grandes iniciações ao significado do Ser superior. Tiphareth se localiza no centro da Árvore da Vida, e em sua direção fluem os poderes das demais Sephiroth. Outro ponto que o relaciona a Tiphareth é o vício desta Sephirah, o orgulho. Como será discutido mais adiante, este é o pecado de Lúcifer na visão de algumas religiões, o que teria afastado-o da graça de Deus.
Outro ponto que a vêm reforçar é o mito de Aradia. Aradia é considerada filha de Diana e Lúcifer, gerada através de um ato de incesto. Na mitologia grega, o irmão de Diana é Apolo, que dentre outros atributos, possui como característica marcante sua beleza, assim como Vênus, deixando bem clara a associação entre ambos.
Cristianismo & Judaísmo 
Este será um tópico extenso, por se tratar de uma filosofia mais presente e atuante nos dias de hoje, o cristianismo, o qual incorpora diretamente o nome de Lúcifer em seus dogmas.
Os cristãos corromperam a imagem do Lúcifer romano, tornando-o líder dos anjos caídos. O nome Lúcifer não é encontrado em nenhum livro da bíblia cristã. Esta relação surgiu mais tarde, vindo com a invasão de povos europeus e miscigenação de raças. Mais que uma tradução errada, é uma invenção dizer-se que ele encontra-se na bíblia original. A própria menção a um ser que pode até se transformar em um "anjo de luz" (2 Corintios 11:14), ou de um leão que ruge e devora (1 Pedro 5:8) é apresentada apenas a partir do novo testamento. Como será visto, na Torah (bíblia hebraica que nada mais é do que os cinco primeiros livros de qualquer bíblia cristã) não há o conceito de Lúcifer como mal personificado, e sim de acusador.
Não há como não se lembrar o que dois respeitáveis ocultistas comentam sobre esta corrupção. Segundo Blavatsky: "De fato, todo o mundo sideral, os planetas e seus regentes -- os deuses antigos do paganismo poético -- o sol, a lua, os elementos e toda a hoste de mundos incalculáveis -- pelo menos os que eram conhecidos pelos Pais da Igreja -- compartilharam a mesma sorte. Todos foram difamados e endemoniados pelo insaciável desejo de provar um insignificante sistema teológico -- construído a partir de antigos materiais pagãos -- como sendo o único correto e sagrado, estando todos os que o precederam ou seguiram completamente errados. Nos pedem para acreditar que o sol, as estrelas e o próprio ar tornaram-se puros e "redimidos" do pecado original e do elemento satânico do paganismo somente após o ano I d.C." [Lucifer, Vol. I, No 1, Setembro, 1887] . Kenneth Grant complementa esta visão: "O enlameamento e a destruição literais dos símbolos antigos nas Catacumbas em nada é comparado com o iconoclasmo sistemático que esteve operante durante séculos nos santuários secretos do Judaísmo e da Cristandade, onde documentos eram destruídos, textos mutilados e deliberadamente distorcidos para abrir caminho para o Culto desta suprema anomalia na história das religiões - um "Salvador" histórico que morreu e ressuscitou na carne" [The revival of Magick, 1969].
Realmente não há como negar que a igreja para combater as antigas religiões pagãs, distorceu os deuses antigos, convertendo-os em inimigos, em demônios que atentavam contra a felicidade humana. Que maneira seria mais simples para a solidificação de uma idéia do que a imposição pelo medo? Que maneira mais fácil de se acabar com as festividades pagãs do que torná-las pecaminosas? Todos que iam contra as idéias da Igreja eram considerados hereges. As pessoas começaram a temer pensar, questionar idéias, e por incrível que pareça, centenas de anos depois, ainda por medo, só que agora do inferno ou por pura acomodação, fecham seus olhos para sua realidade, descartando sua auto-realização neste plano. Alguns demônios cristãos foram criados nada mais sendo do que reflexos do nosso lado animal, que muitos tentam ocultar, lutar contra ele, sem perceberem e aceitarem que este faz parte de todos nós. A ira, a luxúria, a ambição entre tantos sentimentos que pertencem a este lado, são tão necessários aos homens quanto o amor e a compreensão. Somos senhores de nossa própria Vontade, e por isso, aqui e agora, somos nós quem devemos nos utilizar dela para atingir nossos objetivos. Como? Através do desenvolvimento de nosso potencial interior, que apenas se encontra adormecido.
O diabo foi uma invenção cristã construída a partir de antigos mitos pagãos, em especial Babilônicos e Caanitas já distorcidos anteriormente pelos judeus. A palavra grega diabolos, usada como nome e adjetivo, veio do grego diaballein que significa "caluniador", e é usada como tradução do termo hebraico hassatan (o acusador ou adversário) no Antigo Testamento. No Novo Testamento a mesma palavra grega é utilizada como sinônimo do termo menos freqüente satan ou satanas. Não podemos nos esquecer que o Antigo Testamento foi escrito em hebraico e o Novo Testamento em grego, por isso o uso destas duas palavras equivalentes. Citarei apenas alguns destes deuses utilizados para construir o diabo cristão entre tantos outros existentes:
· Abaddon, ou o Destruidor era governador do Sheol, um local destinado a ser a morada dos mortos. Ao contrário do inferno cristão, porém, este não era um local onde eram aplicadas penas aos mortos pelo que fizeram de errado em vida, e muito menos um local de tortura e sofrimento.
· Ashtart, deidade Fenícia, equivalente a Ishtar babilônica, deusa da guerra e do amor, e das colheitas. Associada também a Estrela da Manhã. Tornou-se um demônio cristão, Astaroth, sendo também citado pelos judeus com o sentido de legião em seus escritos.
· Belzebu (Mateus 12:24) ou o Senhor das Moscas é a corrupção de Baal-Zebul, originalmente uma deidade fenícia, que significa "Príncipe Baal". Os Baals, que significa Mestres ou Senhores, eram adorados pelos Caanitas e por isso foram transformados em demônios.
Mais tarde, com a influência de novas culturas, os demônios foram aumentando em número, e a representação de sua imagem também. A clássica imagem do diabo como um ser que possui chifres e pés de bode é nitidamente uma referência ao deus Pã, cujo culto era amplamente disseminado e deveria por isso ser exterminado para a aceitação do novo dogma a ser imposto. O mesmo aconteceu com outros deuses pagãos, mas nenhum nome foi tão difamado como o de Lúcifer e Shaitan. Uma citação importante sobre a formação da concepção do diabo cristão pode ser encontrado no "The Devil's Biography": "O Novo Testamento clama que Deus é a origem de tudo que é bom, e que o Céu é a recompensa por seguir as suas leis. Mas aquilo não era suficiente para trazer as pessoas para a igreja e fazê-las retornar. Os primeiros cristãos procuravam uma força opositora, um demônio que poderia ser a origem do pecado que resultaria em condenação eterna nos tormentos do inferno e de onde apenas eles (os cristãos) poderiam nos salvar. O problema era, não existia nenhum para que eles pudessem proclamar sua autenticidade bíblica. Se eles quisessem um demônio assustador, dotado de grande poder, real, que poderia governar o inferno eternamente punindo aqueles que desafiaram Deus e seus sacerdotes, eles teriam que criá-lo e fazê-lo de uma forma que ele poderia finalmente parecer ter algum tipo de validade bíblica. E isto era um problema, pois os judeus do Antigo Testamento não acreditavam em eterna vingança ou punição depois da morte."
Os cristãos alegam que Lúcifer é citado em Isaías 14:12-14:
"Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como fostes lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias em teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo."
Lúcifer é uma palavra latina, e jamais poderia aparecer em um escrito hebraico datado de uma época em que o Latim não existia ainda como linguagem. No original hebraico desta passagem encontramos "heleyl, ben shahar", que quer dizer "brilhante, filho da manhã", e se referia ao rei da Babilônia Nabucodonosor, embora alguns autores afirmem que também poderia se referir ao rei Tiglath-pilneser. Este termo, ao ser traduzido para o latim vulgar foi traduzido como Lúcifer, a antiga representação romana da Estrela da Manhã. O fato é que o contexto da passagem completa deste texto deixa bem claro que ele não se refere a nenhum demônio, ou anjo caído da graça de Deus, mas sim a um rei humano como pode ser visto em Isaías 14:4-5 e 14: 16-20:
"...então proferirás este motejo contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! Como terminou a tirania! Quebrou o Senhor a vara dos perversos e o cetro dos dominadores". "Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: É este o homem que fazia estremecer a terra e tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto e assolava as suas cidades? Que a seus cativos não deixava ir para casa? Todos os reis das nações, sim, todos eles jazem com honra, cada um no seu túmulo. Mas tu és lançado fora de tua sepultura, como um renovo bastardo, coberto de mortos transpassados à espada, cujo cadáver desce a cova e é pisado de pedras."
Esta passagem mostra claramente a queda deste rei, ou seja, sua morte, e o desprezo com que ele seria recebido pelos mortos no Sheol. Como dito anteriormente não encontramos em nenhum livro do antigo testamento a idéia de demônios como sendo seres que governam sobre o inferno ou que eram dotados da função de punir os infiéis após a morte. Eles são vistos no misticismo hebraico como sendo descendentes de Lilith, primeira mulher de Adão, e como capazes de causar doenças e possuir corpos, mas nunca como seres capazes de fazer com que o homem seja tentado a cometer o mal. Podemos encontrar a idéia de anjos se rebelando contra Deus e sendo precipitados no apócrifo judeu "O livro de Enoch", utilizado mais tarde pelos sacerdotes para sua concepção de demônio. Outra evidência de que o nome Lúcifer não era originalmente associado ao demônio é a existência de um bispo cristão de Cagliari no século IV ou V que se chamava Lúcifer. A partir apenas do século XIII os hereges foram chamados de Luciferianos.
A própria criação de Satã como um acusador, e por isso inimigo do homem, veio da necessidade do povo judeu de um ser que explicaria as coisas de mal que aconteciam com seu povo, já que acreditavam em um Deus todo-amor. Assim, Satã é aquele que testa o homem, na maioria das vezes a fidelidade do homem a Deus, porém com o consentimento e por pedido deste último. Os primeiros dois capítulos do livro de Jó exibem claramente esta função designada por Satã. Nele Satã expõe para Deus sua idéia a respeito dos homens, dizendo que estes seriam tementes ao Senhor até o momento em que calamidades ocorressem com eles, quando então passariam a blasfemar contra Deus. Deus, tendo opinião contrária, coloca tudo que Jó possuía nas mãos de Satã, para que este pudesse prová-lo em sua fé. Está claro que Satã é um agente de Deus, não um rival e inimigo deste no Antigo Testamento. Por esta permissão dada por Deus, Jó sofreu terríveis tormentos e muitos inocentes foram mortos, apenas para que Deus provasse seu ponto de vista, demonstrando sua natureza egocêntrica, curiosamente um sentimento tão combatido pelos cristãos.
Perante estes fatos volta a velha indagação a respeito da idéia de Lúcifer como um anjo caído: Se no Antigo Testamento Deus destruiu a humanidade por esta decepcionar-lhe, por que não destruiu o anjo responsável pela revolta que mudou seus planos para o destino do homem, já que faria tudo para afastá-los de Deus? Afinal, ambos possuíam livre arbítrio.... e Deus deveria aplicar o mesmo castigo a ambos.
Características bíblicas de Lúcifer 
Segundo os cristãos, as representações bíblicas do diabo são três: a de uma serpente (Apocalipse 12:9), a de um Dragão (Apocalipse 12:3) e a de um Anjo de Luz (2 Coríntios 11:14). Curiosamente as duas primeiras, que são equivalentes, são a representação da sabedoria e da vida eterna, presente e adorada inicialmente em todas as regiões do mundo, como será melhor comentado na seção “Influências Luciferianas”. Lúcifer antes de sua queda pertencia à ordem angelical dos querubins (Ezequiel 28:14) e era a mais exaltada das criaturas angelicais (Ezequiel 28:12). Porém, ao deixar sua grandeza e beleza tomarem conta de seu coração, quis se igualar a Deus, o que foi seu grande pecado. Seus privilégios anteriores à queda podem ser encontrados em Ezequiel 28:11-15 e “dados” sobre sua suposta queda em Ezequiel 28:16-18 e Isaias 14:12-20 (já citado anteriormente).
Para aqueles que desconhecem a Angelologia, convém esclarecer que os anjos se dividem em três grandes classes, ou ordens, que são subdivididas novamente em três partes cada. Os querubins pertencem à Primeira Ordem e ao segundo coro desta. A primeira ordem é aquela que estaria mais próxima de Deus, e é se utilizando desta afirmação que os cristãos justificam a condenação eterna à qual Lúcifer foi submetido. Segundo eles, por Lúcifer viver anteriormente na presença de Deus, Ele o conhecia o suficiente para jamais poder ter se rebelado contra seu criador, ao contrário dos homens, que por isso tiveram a oportunidade de novamente voltarem à comunhão com Deus após o pecado original, através de sua submissão total à vontade de Deus e através do sacrifício de Cristo. Estranho fato este do livre arbítrio, no qual há apenas dois caminhos: o da submissão e conseqüente salvação, e o da independência e livre Vontade, e conseqüente danação. Seria realmente um livre arbítrio? Qual homem em sua sanidade escolheria o pior para si, se realmente acreditasse nisso? Parece mais que o “Deus” da cristandade não conseguiu mais controlar sua própria criação, quando esta descobriu através dos ensinamentos da serpente que podia alcançá-lo, e até mesmo, transcendê-lo. Esta não é uma idéia difícil de ser ilustrada se consultarmos a cabala. Na cabala podemos encontrar o demiurgo na Sephirah Chesed, a quarta esfera da Árvore da Vida. Sendo assim, ao se passar por Chesed, ainda há outra Sephiroth para se alcançar: Binah, Chockmah e Kether, ou seja, é possível de transcendê-lo, e em larga escala. A própria serpente, considerada derrotada, encontra-se acima do Demiurgo, em Chockmah. Como pôde ser visto, é um mito que guarda oculto em si mesmo a chave de sua própria contradição e destruição, conseqüência de uma invenção sórdida e sem nenhum fundamento. Está mais claro do que nunca nos dias de hoje a verdadeira função e propósito da crença cristã, não sendo necessário comentá-lo mais aqui: quem possui olhos para enxergar, que veja por si mesmo.
Um dado interessante que encontramos na Bíblia e que também nos remete ao simbolismo de Lúcifer no ocultismo se encontra em Efésios 2:2. Neste versículo encontramos Lúcifer sendo considerado como o Príncipe da potestade do ar. Quem conhece as associações dos quatro príncipes no satanismo não sentirá dificuldade de lembrar-se que Lúcifer correspondendo ao Leste é associado ao elemento ar.
Outro tópico que nos interessa, mas que será discutido separadamente a seguir é a demonologia, e os diferentes papéis e representações que Lúcifer possui nela.
 Islamismo & Yezidismo
Segundo o Qur’na, base da fé islâmica, Iblis ou Shaitan não é um anjo caído (como aceito no cristianismo), nem um agente de Deus (como aceito no judaísmo). No islamismo Iblis é um dos Jinni, o qual através de seu livre arbítrio preferiu desobedecer à ordem de Allah (Deus) do que se prostar diante de Adão (os homens), um ser inferior criado do barro enquanto ele fora criado do fogo. Mais uma vez o pecado aqui retratado é o orgulho de Iblis, como pode ser confirmado nos seguintes versos:
Surah Araf (7: 11-18)
“Fomos nós quem criamos você. E te demos forma: Então nós ordenamos aos anjos, Prostem-se diante de Adão e eles se prostaram, com exceção de Iblis; Ele se recusou a pertencer àqueles que se prostaram”.
(Allah) disse: “O que te impediu de se prostar quando eu te ordenei?”. Ele disse: “Eu sou melhor do que ele: Tu me criaste do fogo, e ele do barro.”
(Allah) disse: “Que você se rebaixe por isto: não é para você ser arrogante aqui: saia”.
Ele (Iblis) disse: “Me dê o tempo até que eles sejam elevados”.
(Allah) disse: “Esteja você entre aqueles que tem este tempo”.
Ele (Iblis) disse: “Porque tu me tiraste (do caminho), Oh! Eu irei esperar por eles em Teu estreito caminho”:
“Então Eu irei abordá-los por frente e por trás, à sua direita e à sua esquerda: Tu não irás achar, na maioria deles, reconhecimento (por Tua piedade).”
Iblis, ao se rebelar contra a vontade de Allah, se tornou merecedor do nome Al-Shaitaan e foi expulso da corte de Deus. Ele teria recebido uma punição imediatamente, mas pediu um adiamento até o Dia do Juízo. Embora Iblis jure vingança ao homem (por este ter sido o responsável pela sua expulsão), se tornado seu inimigo e prometido dividir seu destino com eles, ele não possui nenhuma autoridade sobre os homens, ao contrário do demônio cristão, dotado de extremo poder sobre a humanidade, com exceção dos cristãos (Mateus 4:24).
Sendo um Jinn Iblis tem o poder de criar ilusões para desviar os homens do caminho do sucesso eterno. Allah adverte a Iblis que isso irá causar sua precipitação ao inferno, junto com todos aqueles que forem desviados. Para proteger seus fiéis, porém, Allah manda anjos guardarem-nos. Sendo assim, Iblis apenas pode sugerir o mal aos homens, mas sendo estes dotados da escolha entre o bem e o mal, são os únicos responsáveis pelo caminho que seguirão. Nenhum ser pode forçá-los a fazer a escolha errada.
Shaitan e Iblis também são nomes utilizados por outra cultura: a dos Yezidi.
Os Yezidi (Yazidi, Yasdâni, Izadi) atualmente habitam regiões no norte do Iraque, nos arredores da cidade de Mosul, e pequenas comunidades localizadas na Síria, no sudeste da Turquia e no Irã.
A origem da palavra “Yezidi” ainda é muito discutida. Algumas hipóteses seriam que a palavra Yezidi se originou da palavra persa “îzed” que significa “anjo”, ou que é derivada de “yezad”, um termo da antiga linguagem iraniana que possui o mesmo significado, demonstrando a grande importância que a figura dos anjos ocupa na religião Yezidi, em especial Malak Ta’us.
Os Yezidi possuem duas escrituras sagradas, o Mes'haf i Resh (Livro Negro) e o Kitab el-Jelwa (Livro das Revelações). Em ambas Malak Ta’us (também chamado Shaitan, Melek Tawus, Azazil, Iblis e Ta'usi-Melek) se revela como um ser divino que rege sobre todos os outros seres divinos e sobre todas as criaturas do mundo, inclusive os seres humanos, o que pode ser constatado nos seguintes trechos: “No início Deus criou a Pérola Branca de sua mais preciosa essência; e Ele criou um pássaro chamado Anfar. E Ele colocou a pérola em suas costas, e lá habitou quatrocentos mil anos. No primeiro dia (da Criação), Domingo, Ele criou um anjo chamado Azâzil, que é Malak Tâwus (anjo pavão), o chefe de tudo...”; “Eu (Malak Tâwus) era, e sou agora, e continuarei a ser pela eternidade, governando sobre todas as criaturas...”.
Na crença Yezidi, Malak Ta’us foi o primeiro dos sete anjos emanados de Yazdan (o Deus Supremo), sendo os nomes dos outros seis: Dardâ´îl, Ishrâfâ´îl, Mikail, ‘Izrâ´îl, Samnâ´îl e Nûrâ´îl. Os Yezidi adoram Malak Ta’us ao invés do Ser Supremo por acreditarem que este não é mais uma força ativa: ele é o Senhor do Céu, o criador, que após criar a Terra não se importou mais com ela, deixando-a para Malak Ta’us governar. Sendo assim, Malak Ta’us é a representação da força ativa que age na Terra, é o Senhor do Mundo, e é a ele que devem se dirigir orações.
Por esta adoração ao anjo pavão, que também é chamado de Shaitan, os Yezidi são considerados por muitos como “Adoradores do Demônio”. Esta associação foi ajudada pelo fato de Malak Ta’us ter sido um anjo que caiu da graça de Deus por se recusar a se rebaixar perante Adão, como Deus havia pedido, mas ao contrário da mitologia cristã de Lúcifer e da mitologia islâmica de Iblis, ele foi perdoado através de seu arrependimento e recobrou sua posição original. Por isso os Yezidi afirmam que deve haver uma restauração assim como uma queda.
O Yezidismo não acredita em inferno. Em sua visão Malak Ta’us encheu sete jarros de lágrimas durante sua queda, que durou sete mil anos, e estas lágrimas extinguiram o fogo do inferno, ou serão usadas para extinguí-lo no final dos tempos. Malak Ta’us é um representante de Deus e não um Deus perverso. Malak Ta’us possui características duais dentro de si. Ele pode ser tanto o fogo que aquece como o que incendeia. Simultaneamente, todos nós humanos temos uma mistura destas duas forças: o bem e o mal. Todos possuímos Malak Ta’us dentro de nós.
Malak Ta’us é adorado na forma de uma escultura de bronze de pavão, denominado Anzal, “O Antigo”. Esta escultura é trazida para os adoradores na celebração anual mais importante da religião, que tem duração de sete dias, celebrada de 6 a 13 de outubro em Lâlish, ao norte de Mosul. Ela coincide com a antiga festa de Mithrâkân, que comemorava a criação do mundo por Mithra, o deus-sol.
A segunda festa mais importante é a comemoração do nascimento de Yezid, o suposto fundador do Yezidismo, podendo ser até mesmo o segundo maior Avatar do Deus Supremo, logo após Malak Ta’us. É uma festa de três dias, comemorada perto do solstício de verão (hemisfério sul)/inverno (hemisfério norte). Curiosamente esta data também pode ser comparada com o nascimento mítico de Mithra, celebrada no dia 25 de dezembro.
Egípcios 
No Livro dos Mortos encontramos o seguinte capítulo: "E Osiris Ani, do qual a palavra é a verdade, disse: Eu sou a serpente Sata cujos anos são infinitos. Eu descanso morto. Eu estou renascendo todos os dias. Eu sou a serpente Sa-en-ta, a habitante das extremas partes da Terra. Eu descanso na morte. Eu sou nascido, eu me torno novo, eu rejuvenesço todos os dias".
Não vai ser difícil para o atento leitor perceber o porque da correspondência entre a serpente egípcia Sata com Lúcifer. Pudemos analisar na mitologia greco-romana um equivalente perfeito com a menção acima: Vênus em seu percurso, "renascendo" a cada anoitecer, e "morrendo" a cada amanhecer. Sata é o deus egípcio consorte de Sati (também chamada Setet). Barbara G. Walker possui em sua obra, The Women's Encyclopedia of Myths and Secrets, uma passagem muito interessante a este respeito: "Os primeiros egípcios chamavam-no de a Grande Serpente Sata, Filho da Terra, imortal porque se regenerava todos os dias no útero da deusa. Um homem poderia se tornar imortal, como Sata, repetindo orações que o identificassem com o deus...". Podemos encontrar aqui a nítida idéia de que para o homem se tornar um deus, deve contemplá-lo em si mesmo.
Sata também é considerado por alguns autores como um outro nome para o deus Set. Um ponto de equivalência entre ambos está no seguinte tópico: devemos lembrar que o correspondente de Set na Terra é o Falo, e a própria serpente, imagem de Sata, é um símbolo nitidamente fálico. Set é considerado como o arquétipo da consciência de si isolada, e talvez justamente por este motivo os períodos de maior popularidade do deus Set coincidiram com as épocas de maior desenvolvimento do Egito em todas as áreas. Set, porém, é representado celestialmente por Sírius ou Sóthis, a Estrela-Cão, ao contrário de Sata, representado por Vênus.
Representação do deus Seth
Set
Set, por sua vez, foi transformado em Shaitan por seus adoradores que o levaram até a Suméria. Como citado por Grant, a invocação a Shaitan é realizada direcionada para o norte geográfico, pois embora ele seja considerado o Deus do Sul, no equinócio de inverno o Sol se volta em direção ao norte ao entrar na Constelação de Capricórnio, o que coincidentemente ocorre na religião Yezidi, sendo Shaitan adorado ao norte. Este fato nos mostra a influência da fonte original nesta filosofia, apesar de aparentemente ambas serem muito diferentes.
Mais uma vez, como todos os chamados demônios, os judeus e cristãos mudaram seu nome para Satã, e foi através destes que Shaitan se tornou um ser existente rival dos humanos. Porém, as origens e os propósitos deste nome nos é suficiente para entender o seu verdadeiro significado.
Espíritas 
A filosofia espírita está baseada na idéia da evolução como necessária para o alcance da sublimação. Esta evolução apenas pode ser alcançada através da conquista pessoal de cada um, e para isso existe um ciclo de reencarnações sucessivas que permitem aos espíritos se aprimorarem, corrigindo erros passados e conquistando novos méritos para serem somados à sua trajetória. Sendo assim, existem diversos graus de evolução nos quais os espíritos se encontram, sendo que mesmo o mais evoluído alguma vez já teve que passar por diversos níveis inferiores, os quais superou por suas ações.
Sob esta ótica é impossível pensar na existência de demônios como seres eternamente condenados à maldade e à perdição. Os espíritas acreditam na existência de espíritos "demoníacos", cujas características são conseqüências de seu livre arbítrio e atual grau evolutivo, que porém não é eterno. A evolução pode demorar mais para alguns do que para outros (justamente pela existência do livre-arbítrio), mas é inevitável para todos. Tudo que vivemos e aprendemos não pode ser perdido. Desde a criação então até alcançarmos o grau máximo de evolução, sempre voltamos com alguma característica mais aprimorada adquirida durante nossa experiência anterior, o que nos auxilia na conquista de novas.
Qual seria então a visão sobre Lúcifer desta filosofia? Os espíritas não aceitam a visão cristã de Lúcifer por vários motivos, todos diretamente envolvidos com o que já foi dito acima. Milled Assed, em seu livro "Ovo de Colombo", nos explica com maiores detalhes: "Pelo exposto acima, dá para sentir que a luz com que Lúcifer fora dotado graciosamente pelo Senhor de nada valera. Certamente porque não se tratava de uma conquista pessoal.
Sem o resguardo do esforço próprio em obediência a Lei dos méritos conferidos pela Evolução somos obrigados , sem outra alternativa admitir que a luz concedida por Deus a Lúcifer era falsa. Sendo falsa a luz de Lúcifer e seus asseclas (anjos) , daí perguntarmos se os anjos, arcanjos, querubins e serafins, teriam sido agraciados, também, com o mesmo tipo de luz que o Senhor dotara Lúcifer . Se assim for, é bem provável que o "Reino dos Céus" esteja sujeito a uma nova debandada ou revolta . Admitindo a hipótese que Deus houvera dotado de Luz a qualquer entidade, esta Luz , jamais permitiria ao seu portador qualquer espécie de sentimento inferior e muito menos apagar-se-ia como o acionar de um interruptor qualquer. O agraciamento de Deus , jamais seria provisório."
A permissão da existência de um reinado oposto ao de deus, segundo o mesmo autor, só foi possível através da criação da mente humana, ainda imperfeita e muitas vezes infantil e maldosa. Realmente podemos ver nesta idéia a criação de um deus mais a semelhança do homem do que um homem criado a semelhança de deus, talvez para que a humanidade pudesse se sentir mais próxima e íntima dele. O fato é que, como comentado anteriormente, não haveria problema algum nesta idéia de deuses com características humanas, utilizada em larga escala pelas antigas religiões pagãs, se não fosse o mau uso dado a ela pelas grandes religiões monoteístas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


magia negra!


Magia negra
 Há quem diga, (com grande equivo), que magia negra ocorre quando a magia é executada para o mal, ou que magia branca ocorre quando é feita para o bem.

Nada poderia estar mais errado.

A magia branca ocorre quando se evocam espíritos de luz, e a magia negra quando se evocam, ou espíritos terrenais, ou espíritos dos mortos.

A magia é branca ou negra, independentemente dos objectivos dessas invocações serem bons ou maus.

A Magia Negra ocorre de cada vez que um feiticeiro invoca um espírito terrenal ou dos mortos, para comunicar com ele e assim leva-lo a produzir um determinado efeito ou realizar um certo objectivo.

Da mesma forma, ( embora muito padres neguem a magia, ao passo que outros a defendem), a verdade é que cada vez que se celebra uma missa, esta-se realizando um ritual de magia branca, pois está-se por certos meios e processos litúrgicos, a invocar , ou o espírito de deus, ou espíritos celestes, para comunicar com eles, ou tentar obter um certo objectivo. No caso da missa crista, o padre acende velas, queima incenso, oferece pao e vinho, tudo isto para invocar um espírito, seja ele o espírito de Deus, ou de um Santo ou de um Anjo. A este tipo de ritual, chama-se magia branca.

Da mesma forma, rituais feitos para invocar espíritos dos mortos ou espíritos terrenais, chamam-se magia negra.



Ao invoca-los numa missa, está-se invocando espíritos para obter um certo fim, como uma bênção. E isso, é nem mais ne menos que: Magia.

A magia negra, ( invocação e contacto com espíritos dos mortos e terrenais para lhe pedir favores), pode ser usada para todos os tipos de efeitos com grande sucesso.
A definição talvez mais frequentemente usada para explicar o que é magia, é:
"A alteração,(com uso ou recurso a forças espirtuais), de realidades, eventos ou situações que, se nada fosse feito e o curso natural das coisas não fosse afectado,
permaneceriam inalterados".

A magia por isso,(seja ela negra ou branca), embora sendo em si um processo místico oculto, é contudo muito objectiva ou pelo menos, possui fins muito tangíveis e palpáveis.

São realizados pactos que terão consequências espirituais.
Essas consequências espirituais, irao despertar uma serie de efeitos que irão alterar o rumo dos eventos de uma certa situação.
Tal é feito para alcançar um determinado fim, seja ele conquistar uma pessoa, arranjar um emprego, obter vingança ou até ganhar meios financeiros para viajar ou conseguir o carro dos seus sonhos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

exus satanicos!


Exus Satânicos


Salvaguardamos várias confusões ao verificar que atualmente muitas pessoas pensam que a quimbanda é um culto "satanista", tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem o bem e o mal em uma luta eterna confundindo a figura do diabo com tudo de ruim sem lembrar que ele é quem representa os sentidos e a liberdade de suas ações desde o princípio dos tempos. O conceito de polaridades, positiva e negativa não se encaixa no plano imaterial, o exu quer acordos e pactos. Ele tem seu preço e realiza seu trabalho. Isso não quer dizer o mesmo que atitudes, positiva e negativa mas sim jogos de interesses e trocas de energia.
Exu de fato é um ser satânico mais não da maneira interpretada pelos ignorantes e pelas famigeradas religiões da mão direita. Ele é satânico no mesmo sentido que os satanistas são. São estratégicos e ensinam como lidar com situações de guerras, amorosas e profissionais em fim todos os desafios que enfrentamos no dia a dia e não temos domínio completo. Se nossa visão é limitada é ai que eles ajudam no plano astral com sua energia imaterial junto à vontade do pai de santo e das pessoas envolvidas no terreiro. Os rituais são o inicio da materialização destas forças almejadas e por esta atuação pedem os exus seus salários, os despachos. Quem conseguir entender esta profundidade vai entender o por que me referi aos exus como sendo satânicos pois apesar de não serem o diabo dos cristãos são professores dos mistérios ocultos incorporados em carne humana.
É bom deixar claro também que o exu da quimbanda não é o mesmo exu do candomblé aonde ele é um orixá menor da cultura yorubá, o Exu da quimbanda é geralmente um Egum sendo que na maioria dos casos,  assim como eles mesmo dizem, a alma de alguém que pertenceu ao culto, feitiçarias, orgias, matanças, conquistas e agora trabalha como mensageiro dos orixás. Segundo a Quimbanda, os espíritos, exus, com os quais estamos tratando hoje tiveram em sua maioria encarnações aqui na terra em finais do século XIX e princípios a meados do século XX e daí vêm muitos de seus costumes, suas vestimentas e comportamento.
Ainda na questão do sincretismo é muito importante frisar que os autores que até hoje discorreram sobre o assunto usaram um organograma básico para apresentar o que muitos pensam ser a verdadeira organização hierárquica da quimbanda mas é somente a cópia de um livro antigo de evocação e cultos da cultura ocidental que fala sobre os demônios, suas hierarquias e poderes, o “Grimorium Verum”. A formação da quimbanda teve uma forte influência dos escravos e índios que sincretizaram exu com o diabo por este ser “inimigo dos brancos” e por não aceitarem os santos católicos, identificando-se assim mais uma vez com o exército das trevas.

O Nascimento da Quimbanda


Com o advento da umbanda começou o trabalho de quimbanda em terreiros e isso deu sustentação firme aos trabalhos com os “compadres” exus que logo se popularizou, e assim formatou o atual culto da quimbanda. Na verdade pode-se dizer que a quimbanda como a conhecemos atualmente nasceu juntamente com a umbanda em 15 de novembro de 1908, pois uma linha completa o outra formando esta força que nos da vida e este reino cheio de luz.
A quimbanda esta organizada hierarquicamente em sete grandes reinos: as sete linhas da quimbanda, sendo que na quimbanda quem manda é o Sr. Omolu. O rei, coroado por oxalá, este delega os poderes aos exus chefes de falange. É importante lembrar que quando o exu, qualquer um deles, estiver incorporado no pai de santo, no dirigente dos trabalhos, ele esta trabalhando com a coroa e por este motivo é o chefe dos trabalhos da gira de quimbanda tendo liberdade de movimento entre os reinos através do contato com os outros exus presentes no trabalho. Trabalhar com os "compadres", exus requer muito respeito e consideração por parte dos dirigentes, médiuns e consulentes pois são entidades muito poderosas e de muita energia.

Espíritos Zombeteiros

Enfim os exus são magos astrais conhecedores e mestres das artimanhas. São indulgentes, sabem o valor da liberdade, são brincalhões e adoram colocar temor naqueles de que nada sabem e que em nada vão acrescentar. Por isso em todas as minhas publicações tenho dito que é necessário um profundo conhecimento e intimidade com estas entidades para não ser enganado por espíritos zombeteiros que ao invés de alertar e ensinar as mandingas e feitiços mantém na mais pura enganação os invocadores despreparados. E não somente isso  mais assim extraem deste energia vital para todo o tipo de despachos levando o mesmo a uma servidão sem fim. Os espíritos zombeteiros são exatamente como aquelas pessoas que vivem nas ruas mentindo se dizendo feiticeiros cartomantes e toda esta casta que vivem tentando adivinhar circunstâncias da vida pessoal de suas vitimas.
Muita vezes os zombeteiros já estão acompanhando as pessoas e por isso sabem fatos particulares da vida da mesma e então quando encontram médiuns, as vezes um amigo ou amiga da vitima eles incorporarão nesta pessoa e começam a dizer fatos particulares e que precisa se fazer um despacho e que depois disto tudo vai mudar. Muitas das vezes esta mudança realmente acontece por que ai o espírito o abandona e passa a acompanhar o médium não desenvolvido onde terá mais energia e possibilidades de manifestações e adorações. E então o médium inconsciente de sua mediunidade pela suas forças intuitivas ao perceber que as coisas não andam bem depois que aconteceu a primeira incorporação procurara defesas em casas do gênero ou pessoas mais experientes.
Estas ações dos espiritos obcessores são presididas pelos exus que na verdade tem o intuito de trazer ao local certo tanto o médiun inexperiente para o desenvolver e também os obsessores que ao realizarem seus trabalhos acabam voltando as calungas.

Conhecendo uma entidade genuína ou seja os chefes exus.


Os chefes exus são entidades de extrema postura, imponentes, desafiadores; ficam frente a frente e olham nos olhos. São carismáticas, sábias, seus ensinamentos são surpreendentes e completos sua energia é transcendental e eletrizante. Suas oratória e gestos são poderosos, expressivos, demoníacos e livres sem redundância nos assuntos e termos. São detetives do plano astral sondam inimigos, projetos "secretos' e revelam com efetividade e precisão os fatos necessários, as atitudes a serem tomadas e as magias a serem utilizadas ou seja, tudo o que for do interesse do filho de fé para obtenção de méritos. Pedem sempre em seus despachos artigos e comidas e bebidas de "requinte".

Reconhecendo os obsessores (quiumbas).

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Espíritos confusos as vezes falam em morte e desgraças o tempo todo são eles que são mandados para casa de inimigos e pessoas não queridas pelos quimbandeiros ou por quem encomenda algum trabalho. No todo emanam uma energia repugnante até mesmo em suas vozes, pois falam entre os dentes. Não possuem postura, olham para o chão o tempo todo e devido aos lugares trevosos onde vivem sua sabedoria é inexistente e falam de coisas do passado e de pessoas que trouxeram dores emocionais e pedem sempre putrefações em seus despachos.
O contato com os obsessores é chocante e trás sensação de muito medo a pessoas sensíveis, e por isso mesmo quando tentam imitar os chefes exus podem ter sucesso. São seres extremamente desgraçados, amargos, maliciosos revoltados e obsessivos. Quando é feito um trabalho no qual é liberado um destes por outros quimbandeiros ou por encomendas a vítima chega a vir no centro para se desfazer da manifestação deste espírito muitas das vezes o incorporado e tentam agredir de morte a vitima do feitiço. É necessário sempre pessoa preparada ao redor para contê-los e o chefe de terreiro vai conversar com este espírito ver o que ele recebeu para estar atuando naquela vida quem o mandou e o que ele quer para sair de lá. Ai então recebem o exu de cabeça que irá levá-lo embora para o devido local liberando a vitima deste vampiro espiritual para então cumprir com suas obrigações e tratos que fora feitos. 
Estas duas explicações são básicas outros formatos podem ser manifestos, por isso a necessidade de extremo discernimento.

vontade ou medo?


A Verdade e a Vontade


Etimologicamente, a palavra Vontade é a faculdade de representar mentalmente um ato, que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão.

Na literatura thelêmica, encontramos a palavra Vontade com atributos maiores e mais firmes, uma vez que Thelema é a Vontade. O estudo da Qabala e da Gematria nos ensina que:

Thelema = Vontade = 93

Esse mesmo estudo nos revela que palavras e números com o mesmo valor numérico possuem Poder Mágico, o que reveste de misticismo o significado da palavra Vontade e dá idéia de sua dimensão e de sua importância para o magista.

Vontade é o poder real da Magia. A essência. Por isso, deve ser verdadeira e livre de propósito e para conhecê-la, somente com um forte senso de propósito, uma visão clara de si mesmo, tendo consciência da alegria decorrente, ou vivida, no final do processo.

Cada um de nós é um indivíduo único, com percepções, pensamentos, vivência e sonhos próprios. Uma estrela. Mas necessitamos de reflexão, para obtermos os verdadeiros propósitos. Então:

Qual é a sua verdade?

Qual sua Verdadeira Vontade e como exercitá-la?

A verdade depende da realidade subjetiva de cada um, da bagagem de conhecimento e experiências acumuladas no decorrer da vida.

Quem pode, além de você mesmo, mensurar a sua Vontade? E Ela, por sua vez, pode ser mensurada? Ou apenas pode ser descoberta, vivida, exercitada e trabalhada a nosso próprio favor?

Cada ato intencional deve ser encarado como um ato de amor; com cada ato, intencional ou não, com cada momento, vivemos a oportunidade de aprender e trabalhar nossa Vontade.

E, para isso, é primordial a contemplação de si mesmo.

Contemplação no sentido de voltar-se para o seu interior, numa observação determinada, com a Verdadeira Vontade de reformulação, de separar e atirar fora os laços que o prendem ao rebanho; sentir-se pronto a encarar e trilhar o caminho dos fortes, dos vencedores, daqueles que buscam a Verdade e diante do qual os medos, os "fantasmas" das massas, os fracos, dobram-se. Diante do qual as hipocrisias e a fragilidade do "circo de ilusões", que é o mundo que os outros construíram para nós, tudo isso é apenas algo a ser usado a seu favor, ou deixado para trás. O Satanista deve ter os sentimentos e os instintos submissos à sua Vontade, para que possa viver com equilíbrio. Um dos aspectos da iniciação, inclusive, é ganhar o controle de nossas vidas, apesar das dificuldades encontradas.

No entanto, estejamos convictos de que a Vontade Verdadeira, precisa ser trabalhada e exercitada constantemente, sob pena de enfraquecer e dissolver-se, levando o magista (ou postulante) a iniciar o círculo de sua evolução, sem nunca sair do começo.

Porém, não basta possuir a Vontade. É necessário descobrir a sua Verdadeira Vontade e também exercitá-la com único propósito, desprendimento e paz. Ou seja, agir em harmonia com o cosmo, trabalhando-a na sua freqüência, e com responsabilidade, sem expectativa de resultado, mas com firmeza e sem hesitação. Isto é "igualar a sua Vontade à Vontade de Deus", é fazer com que o mundo ao seu redor trabalhe para você.

Conceitos que mudam


Quando as idéias que nos foram ensinadas pelas instituições já não nos convencem, não resta outra alternativa a não ser buscarmos nossos verdadeiros valores, por conta própria. E ninguém consegue alcançar sua verdade sem a introspecção e a Vontade.

A visão e o conceito maniqueísta devem ser abolidos da evolução do Satanista. Trazendo para o seu aprendizado os conceitos thelêmicos, resta claro que o bem e o mal são na verdade, dois aspectos de um só ato. Fica fácil entender, se sabemos que o equilíbrio é o caminho certo e que tanto o bem como o mal são necessários e vivem dentro de cada um de nós e de todas as coisas. Tudo e todos tem seus aspectos contrários, suas polaridades, que se completam, e não se chocam.

O ensinamento é: "na dúvida, tua Vontade te guiará". Despir-se das regras, convenções e valores sociais é fundamental. Há que se ler além das palavras, e ouvir além dos sons. A magia consiste, inicialmente, em operar mudanças no magista e, num outro momento, mudar as coisas e acontecimentos ao redor. Óbvio aí que quem não consegue transformar a si, não tem Vontade Verdadeira e jamais conseguirá fazer com que as coisas trabalhem a seu favor.

Tenho visto pessoas com o propósito de uma iniciação, acreditando que isto lhe trará poderes para agir sobre a energia de outros. E pessoas que cultivam o ódio por credos, religiões e seus adeptos, vivendo no seu íntimo a ilusão de que, desta forma, mantém viva em si a veia do Satanista, sem atentarem para o fato de que perdem seu tempo e sua energia com assuntos e pessoas que não merecem outra coisa além de esquecimento e desprezo. Esquecem que vivemos e trabalhamos num nível diferente daquele em que vive o rebanho. Talvez esta atitude nos mostre que ainda exista muito de rebanho em seu íntimo.

Para sempre


Escolhi este subtítulo por que quero deixar aqui o sumo, o tudo do que li. Para sempre por que, uma vez descortinado o "circo de ilusões", ou seja, o mundo preparado para vivermos a nossa vida, baseada na verdade dos outros, não é possível mais voltar atrás.

É a reflexão, a mudança interior, sem volta.

E o que fica para sempre?? A Verdade! Ela é em você, como ser humano, como Satanista, como magista. Ela pode vir de várias maneiras, como um chamado, um basta às convenções, várias experiências que te conduzem naturalmente. Mas, quando Ela chega, com toda a certeza, é para ficar.

Algumas das minhas Verdades sem volta:

- Todo homem e toda mulher é uma Estrela

- Todo ato é um ato de magia e amor

- Amor é a Lei, amor sob Vontade

E, finalizando:

- Que meus serviçais sejam poucos e secretos, eles comandarão os muitos e os conhecidos.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

OLA PESSOAL VENHO DAR UM GRANDE RECADO AS MULHERES!!!
CURSO DE ENCANTARIA FEMININA E PODER ATRATIVO.
OS HOMENS QUE SE CUIDEM KKKKK.
CURSO DE 2 MESES DE DURAÇÃO!!
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VANESSA!!

conselho aos jovens ocultistas!



Alguns conselhos, de minha limitada experiência, que eu posso oferecer aos jovens ocultistas são os seguintes:

Trabalhe muitas vezes no dia, trabalhe todos os dias. Trabalho freqüente – seja ele meditativo, talismânico, ritual, narcótico, qualquer que seja – obtêm resultados.

Leia criticamente. Sempre que possível, não pague para ler, a não ser que você possa gastar milhares de reais e acumular uma volumosa biblioteca sem aprender muito. Leia muito. Questione muito. Duvide muito.

Examine muitas pessoas, igualmente de forma crítica. Centenas de pessoas dizem ter poder, sabedoria, conecções, qualquer coisa. Muito freqüentemente a magia é um jogo de simulação – "eu acredito em seu poder se você acreditar no meu". Este tipo de infantilidade desperdiça muito tempo se você associa-se com outros magistas, logo, esteja em guarda contra isso.

A magia freqüentemente mesclar-se-á com os elementos sombrios da sociedade: boêmios, criminosos, artistas, etc. Use sua cabeça. Suspeite de qualquer pessoa que realize crimes por excitação: tais pessoas são geralmente estúpidas e rudes. Respeite as pessoas que são boas em praticar crimes: elas são perigosas.

A magia pode muito bem levá-lo à insanidade. Nada há de errado com isso: a sanidade tem seu valor exagerado, e você pode escolher ficar louco na forma de sua preferência. Mais poder para você: mas fique alerta e não deixe qualquer pessoa prendê-lo. A loucura pode ser poderosa: apenas tome precauções. A magia pode ruir a sua vida emocional e sujeitá-lo à emoções mais poderosas do que você já teve anteriormente. Zombe das pessoas que dizem que você desordenou o seu karma e que você tem que deixar o ocultismo. Esse tipo de pessoa adora dizer que os outros devem se render, porque eles se rendem freqüentemente em seus próprios trabalhos.

A melhor espécie de magia é, freqüentemente, a espécie que você já possui dentro de você, que você acredita e sente-se confortável com ela por instinto. Geralmente você pode achar que você era desde o princípio um grande magista, mas necessitava experimentar coisas que não eram de seu estilo para convencer-se de que seus instintos estavam certos desde o princípio. Muito freqüentemente eu tentava algumas coisas novas, exóticas e bem conhecidas apenas para descobrir que elas não funcionavam para mim porque eu possuía algo melhor dentro de mim desde o princípio.

Para aqueles que não estão familiarizados com a literatura oculta, aconselho-os à ler os livros de Papus (Dr. Gèrard Encausse), Éliphas Lévi (Alphonse Louis Constant) e Francis Barret, que são baluartes sustentadores da literatura hermética. Para citar os ocultistas modernos, podemos indicar as obras de Dion Fortune, Kenneth Grant, Peter J. Carrol e possivelmente algumas obras de Aleister Crowley, apesar de nem todas elas serem indicadas par qualquer pessoa, devido seu teor freqüentemente de duplo sentido. Busquem os livros de autores com uma fama tradicional no meio ocultista, para que não caiam no erro, logo no princípio, de adquirir obras sem valor. Procure ler obras desconhecidas apenas conforme for adquirindo bastante experiência.

Boa Sorte à Todos

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

baphomet


O presente ensaio busca exaurir analiticamente a simbologia presente na figura de Baphomet. Digo exaurir, mas não esgotar. Ver-se-á a riqueza que esta imagem encerra, a qual não poderia ser sintetizada senão pictoricamente, como o fez Eliphas Levi. É bem conhecida sentença popular que diz “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Tal se aplica ao simbolismo presente neste grande síntese panteísta, que se resume neste nome tão mal compreendido.
A imagem de Baphomet é comumente associada ao demônio, a Satã, ao bode do Sabbath dos feiticeiros. Tudo isso pode estar correto num certo sentido (profano, evidentemente).
Entretanto, acima das falsas luzes do mundo cotidiano, respirando o ar luminoso do Monte Zyon, Baphomet é um sacramento dos Iniciados e Adeptos (do latim sacro+mente=aquilo que mantém o sagrado na mente, traz a santidade aos pensamentos).
Deixai que os profanos o maldigam e o apedrejem. Os profanos não são culpáveis por isso, como não são imputáveis pelos seus crimes os loucos e os incapazes. Eles não são capazes de contemplar o rosto horripilante do ídolo, como não são capazes de nada. Eles não têm “olhos quem vem” e nem “ouvidos que ouvem”. São cegos e surdos. Baphomet não é para estes. Baphomet é para os que têm os olhos abertos e contemplam, para os que ouvem e entendem, para os que estão despertos. Para aqueles que são capazes de trilhar o Caminho que suas mãos indicam: mergulhar nas profundezas, ascender aos céus, santificar as profundezas e as alturas, descansar sob a sombra das suas asas, sorver leite das estrelas que flui de seus seios, o elixir da eternidade.
Baphomet é uma imagem (ειδολον). Nós tentaremos ir além da imagem, e decompô-la ao máximo. Solve! É a ordem dada pelo Senhor da Iniciação, até reduzir tudo a pó. Coagula! O sentido extraído do todo deve se aglutinar no templo interior do Adepto até tornar-se Pedra.
Agora tritura tudo, e tereis a tintura, o Elixir da eternidade. Baphomet é tudo isso e não e nada disso. Depende da perspectiva e da capacidade do artesão.
Mas cuidado. Eu me refiro varias vezes a ele como ídolo, ainda assim Baphomet não deve ser adorado. Aparta-te da idolatria. Baphomet não é um deus.
Ademais, os Adeptos não adoram deuses:
os Adeptos são DEUSES!

A.´.M.´.E.´.M.´.

I CAPUT

Após os pilares do templo, adentra-se no átrio do Sanctum. Não há como ver muito longe. O silêncio é absoluto e qualquer murmúrio é uma blasfêmia.
Mas há uma luz que se adivinha lá adiante, no Sanctum Sanctorum. Até aqui as sombras reinaram.
O irmão terrível, ainda em silêncio, aponta adiante o Véu dos Mistérios Sublimes, o véu de Peroket.
Olhar além deste véu é como mergulhar no abismo.
Então o irmão terrível dá a ordem e o véu se abre, e contemplamos face a face o senhor da Iniciação.

-o0o-

Entre os cornos de Baphomet vemos a tocha, porque ele é o Dadouches, o principal iniciador de Eleusis, o portador da tocha, o Phosphoros Grego, aquele que trás a luz da Iniciação, associado a Prometeu, que furtou de Zeus o fogo sagrado (λογοσ), e deu-o aos homens. Para os romanos ele é Lúcifer, aquele que trás a luz. Note-se que tais significações estão no seu sentido original, i. e., não maculadas pelo sentido cristão.
Como portador da luz, representada pelo fogo, teremos que nos focar nas significações deste elemento, uma vez que a tocha existe em função do fogo. É também o chakra Sahasrara, o lótus de mil pétalas. Resultado da aplicação correta da fórmula I.N.R.I. que será analisada em ocasião própria.
Quem trouxe o fogo aos homens foi Prometeu, segundo o registro de Heródoto em “Os Trabalhos e os Dias”. Tal episódio reproduz com outra simbologia a passagem do Atharva Veda, 12, 2, que proclama: “O Deus Agni escalou os cimos celestiais/ e ao liberar-se do pecado/ ele nos libertou da maldição”. Assim teremos uma semelhança entre Agni e Prometeu, ambos como seres benfazejos ao homem. Agni (raiz etimológica de Ignis = fogo em latim, veja também que “puro” e “fogo” tem a mesma palavra no sânscrito) é apenas um aspecto do fogo, pois há no hinduismo, três espécies: primeiro Agni, o fogo em si-mesmo, o segundo Indra, o raio e o terceiro Surya, o fogo como Sol, portanto, estes são os arquétipos do fogo terrestre, intermédio e celestial.
Seja qual for o aspecto, o fogo (Pyr em persa, πυρ em grego), guarda estreitas relações com os ritos de regeneração e purificação (note aqui a raiz etimológica). Assim a tocha de Baphomet acende o Athanor filosófico, o cadinho onde é gestada a pedra filosofal que será triturada para produzir o Elixir da Imortalidade (Amrita ou Soma). O Athanor assim encontra-se no coração, pois este é o centro do Manipura-chakra, cujo símbolo é triangulo ígneo, segundo os Upanichads. O sistema de chakras também é encontrado no tantrismo tibetano, que consideram apenas cinco centros de força sutil, e que também associa o fogo ao coração. Além disso, o coração é a morada do espírito (Jacob Boheme), e relacionando-se com o espírito e fogo chegaremos ao Espírito Santo, que se manifesta no cristianismo como línguas de fogo no pentecostes. O Logos manifesto. Note que o Espírito Santo é relacionado ao sêmem, pois no BAHIR é dito que o sêmen provêm do cérebro e caminha pela espinha até o falo, este também um símbolo cognato (φαλοσ é um cognato de πιραμισ onde ocorriam iniciações).
No judaísmo, as ofertas ao Tetragrammaton eram queimadas, pelo que nos explica Abu Ya’qub Sejestani, o fogo eleva as coisas ao estado sutil (espiritual) pela combustão do invólucro grosseiro, assim tanto se presta a trazer aos homens o Logos, quanto a levar aos deuses a essência. Vejamos também como tal o sentido dos ritos fúnebres, a cremação dos corpos entre os gregos e os hindus tem o mesmo significado, pois o fogo é não apenas um elemento purificador ou regenerador, mas também seu toque assegura a passagem de um estado a outro.
Ainda, o fogo da tocha de Baphomet é o fogo que consome, o fogo devorador, o αγαπε, um dos três aspectos do Amor, segundo Platão (εροσ e φιλοσ são os outros dois), e justamente o aspecto cósmico do amor, e não apenas o sexual (εροτοσ) e altruísta. O αγαπε é o amor que leva o Adepto ao auto-sacrifício espiritual.
Por fim, sendo o fogo um símbolo do intelecto ou logos, ou de Tipheret para os qabalistas, o sentido pleno só pode ser compreendido em relação aos dois chifres, formando assim um ternário, como nos desvelou E. Lévi. Sem o a tocha, os chifres significam a díada, o dois, o número que, tomado em si mesmo, é a dualidade, o mal (διαβολοσ, origem etimológica de diabo, significa aquele que divide). Em seu aspecto negativo é vhbv vht, o vazio e o amorfo, cujo valor é 430, o mesmo de >pn, a alma animal (irracional) do homem. A tocha sendo o Espírito Santo, '>ydq 'xvr, que organiza o vácuo e a matéria, reconciliando o Caos primordial. (Compare com a passagem do Gênesis I, 2.)
Sendo o chifre um símbolo do Poder (em hebraico nrq=chifre, poder, força, provável raiz etimológica da palavra latina “cornu”), sem o Espírito reconciliador, o poder é dividido, e não subsiste, além do que são de caráter lunar e não solar, pois são de touro para alguns, e de cabra para outros, ambos símbolos ligados a terra e seu aspecto fecundo, também ligado à fertilidade e daí a sexualidade, dividida em papéis ativo e passivo.
Segundo René Guénon, a associação entre o Touro e a Lua era familiar aos sumérios e também aos hindus, sendo reconciliada pelo crescente lunar, presente em ambos os panteões. Para os hindus o Mahabharata identifica Shiva com sua montaria, o Nandi, ou touro sagrado. Em representações mais antigas, Shiva possui chifres.
O Amom egípcio, o deus oculto, era chamado no livro dos mortos de “Senhor dos dois chifres”, mas estes são de caráter solar, chifres de carneiro, conforme se tem pelas representações de Apolo Karneios e mais tarde Dionisos. Segundo Jung o chifre reconcilia, em si mesmo, os papéis ativo e passivo, respectivamente pela força de penetração e por sua abertura em forma de receptáculo.
Nas religiões persas encontramos Mitras imolando o touro, o pai de todas as coisas. Esta relação entre o touro e Mitras encontra uma ressonância em Baphomet que para alguns ocultistas induz a plena identificação de ambos os seres. Crowley dizia, citando Von Hammer-Purgstall, que Baphomet era originalmente grafado com um “r” solar no fim da palavra, assim teríamos Baphometr (?) ou Baphomitr (?), que significava “pai Mitra”, e ele era um deus touro ou matador de touros.
Além disso, Mitra era uma divindade solar dos persas, na realidade ele não matava o touro, mas o sacrificava, fazendo deste animal, entre os orientais, um animal solar, em contraposição a natureza lunar do mesmo touro entre os babilônios, embora ambos estejam relacionado à fertilidade, aos ciclos do das estações e a agricultura.
Resumidamente, os poderes dos chifres lunares de Baphomet poderiam ser tomados como as forças ativas e passivas da natureza, balanceadas pelo intelecto ou Logos. O Adepto ou iniciado deve possuir esses atributos, sendo essa a natureza do Bodhisattva, termo sânscrito (em tibetano Diang Shuv Sempa), que significa “aquele cujo espírito é desperto (a tocha) e que age com coragem (os chifres)”.

-o0o-

O simbolismo dualista presente no glifo nos indica a princípio o caráter andrógino do ídolo. Nele estão presentes, além dos signos duplos dos braços, chifres, luas, etc., a unidade dos dois sexos, representados pelos seios e pelo falo, ou lingan, em forma de caduceu. Os traços da androginia são presentes em muitas divindades como Adônis, Dioniso, entre outros. Não é um ser assexuado, como quer o modelo do cristianismo, mas explicitamente bissexual, conforme podemos observar nas divindades gregas. Zeus teve “casos” com mortais e imortais de ambos os sexos, Dioniso o fazia igualmente.
O lingan tântrico é representado muitas vezes com a Yoni em seu corpo. Shiva e Shakti abraçam-se e tornam-se Adha-Nari, o ser primordial. Veja também os diálogos de Platão, especialmente o Banquete.
Não apenas no paganismo encontramos tais ocorrências.
O Midrash judaico também relaciona a androginia de Adam-Kadmon como um estado que é preciso reconquistar.

-o0o-

A cabeça do ídolo é a do Bode, animal de natureza lunar, em oposição ao carneiro solar, mas segundo Levi trás os traços do cão, do touro e do asno. Levi interpretou esses hieróglifos de uma forma demasiadamente pejorativa, associado-os a responsabilidade da matéria e a expiação dos pecados corporais; provavelmente, em relação ao bode, tenha sido inspirado pelas lendas do Bode de Zazel, o bode expiatório, e daí sua relação com o pecado. Essa significação não se esgota nisso, aliás, ela é muito mais profunda e dirige-se a rumos bem diferentes do imaginário judaico-cristão.
Isto apenas indica que o simbolismo do bode e da cabra foi extremamente degenerado do cristianismo para frente, principalmente pelo aspecto sexual da figura. Libidinosus foi a palavra usada por Horácio nos Épodos, Livro 10, verso 23, para designar o animal que era sacrificado para afastar as tempestades, ambos os símbolos associados ao desregramento e ao caos. Saint-Martin chama-o de “animal fedorento”, sinal da “abominação”, “rejeição”, “putrefação e iniqüidade”. Foi na idade média que a iconografia cristã associou o Diabo, o deus da luxúria (sexo) ao bode, em decorrência de sua absorção a necessidade de reprodução.
Na Índia, a cabra é Prakriti, a mãe do mundo (AMMA MUNDI), que possui três qualidades essenciais: sattvas, rajas e tamas. A cabra, além de sua ligação com a fertilidade (Pan, divindade arcádica da fertilidade era representado com cascos e chifres de bode) e a luxúria por sua pujança e fecundidade genésica (libido), era sagrada na maior parte das culturas antigas. Adorada entre os babilônios em Susa como deus da fertilidade, era especialmente considerada pelos gregos como portadores de teofania, sendo sacrificada na ocasião da consulta dos oráculos. Diodoro da Sicília relata que em Delfos foram elas que chamaram a atenção dos camponeses para certos vapores que exalavam das rochas, e que faziam as cabras pular de modo bizarro e incomum. Sobre estas rochas eles fundaram um oráculo. Ainda entre os gregos, é conhecida a tradição órfica que a alma iniciada é como um cabrito caído dentro do leite. O bode é especialmente caro também a Dioniso, uma vez que além de ser sua oferenda predileta, foi na forma de um bode que ele fugiu de Typhon, indo para o Egito.
O simbolismo do bode se liga de forma sutil ao do fogo, vez que ambos são considerados elementos essenciais dos ritos de Iniciação. Ainda no Atharva Veda, 9, 5 vemos tal associação de modo claro: “o bode é Agni; o bode é o esplendor/que afasta as trevas para longe./ ó bode, sobe ao céu dos homens justos”.
As patas da figura são também de bode. Além do que os bodes são exímios em escalar grandes montanhas ou picos rochosos. Seu equilíbrio é notável e não demonstram medo algum de altura. Tais qualidades são esperadas do iniciado, mas em sentido esotérico, i. e., as alturas da sabedoria as vezes se tornam sufocantes, o ar se rarefaz, mas como o bode, no qual ele tem se convertido (a idéia é de Orfeu), ele não deve se deixar arremeter pela falta de ar nem pelo medo da altura.
Os traços de cão ou chacal são facilmente associados ao deus Anpu ou Anúbis como psicopompo, ou guia das almas ao mundo subterrâneo, Thuat. Esse processo de morrer implica o renascimento de Osíris, um cognato explícito da Iniciação. Assim Anúbis é o guardião do portal para o mundo subterrâneo, isto é, o mundo oculto, o templo onde a Iniciação ocorre para o renascimento do neófito como Osíris. Vemos o cão no mesmo posto na mitologia grega, onde haveremos de encontrar Cérbero, o cão de três cabeças do Hades, um monstro mitológico, afável para os que chegam, brutal e feroz para os que tentam escapar. Além disso, para os profanos o principal atributo do cão é a fidelidade, que para um iniciado é uma das principais virtudes. Assim o iniciado tem estes atributos do cão como elementos do seu juramento: ser fiel a ordem, e guardar as portas do templo contra a curiosidade dos profanos.
Ainda ligado ao mundo dos mortos, veremos que na Índia o asno aparece como o asura Dhenuka, ligado a Nairrita, guardião da região dos mortos e Kalaratri, aspecto sinistro de Devi. O asno era relacionado comumente a ignorância na maioria das culturas antigas. Apuleio, no livro O Asno de Ouro, mostra-nos Lúcio, apaixonado por uma cortesã, sendo transformado em asno, que segundo Jean Beaujeu, é “a manifestação concreta, o efeito visível e o castigo de seu abandono ao prazer da carne”.
Concluímos assim que o asno está intimamente ligado aos aspectos bestiais da força sexual. Mas no quesito relacionado à Iniciação, encontramos o asno relacionado a Baco. Aristófanes, no poema As rãs, coloca estas palavras na boca do deus: “eu sou o asno que carrega os mistérios”, e, conhecendo as relações das lendas de Cristo e Dioniso ou Baco, teremos um paralelo com a celebração da festa dos ramos, quando o Cristo (que representa um grau e não uma pessoa) adentra as portas da cidade sagrada montado numa mula (um asno “castrado” para os freudianos). No cristianismo o asno parece ser um animal sagrado, uma vez que, além de carregar o Cristo na sua sagração pública, aparece em sua natividade e na fuga para o Egito. Neste âmbito judaico cristão, o asno esta também associado a Saturno, o segundo sol, que é a estrela de Israel. Saturno portanto é identificado com o Tetragrammaton. Por sua vez, Saturno se relaciona com Set, o deus Egípcio que era adorado nos desertos do sul na forma hierática de um deus com cabeça de asno. Finalmente, quanto a natureza do glifo, não parece ser um animal lunar, mas solar, uma vez que é associado comumente pelo tamanho de seu pênis a Príapos, uma divindade grega da fertilidade e da agricultura, de natureza solar-fálica, como todos os deuses solares, que são também relacionados ao falo.
Os traços de touro e seu simbolismo já foram explicados acima quando interpretamos os chifres.

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II TORAX
Os seios da figura, segundo Levi, são relacionados à maternidade, uma asserção bastante óbvia. Mas há também uma relação estreita com proteção e medida. Bath (tb) em hebraico significa filha, mas também medida, a palavra mãe (ama) também se refere a medida, o que infere que os seios da figura, sendo um glifo da maternidade e de medida ao mesmo tempo. No que tange a esta última significação, há uma referência velada ao equilíbrio necessário entre as operações alquímicas sugeridas nos braços humanos da figura (solve et coagula), isto é, seus seios são o “fiel” da balança. tb tem valor numérico 402. Dividindo por dois, encontraremos a palavra Luz, em hebraico Aur (rva cuja forma alternativa é ra). São dois seios, duas luzes, medidas, balanceadas, equilibradas. Além disso, o seio esquerdo pode querer significar a lua, cuja natureza feminina se refere a coagulação, enquanto o direito ao sol, masculino e quente, responsável pela solução. Num plano mais acima, simbolizam as sephiroth Chesed e Geburah, respectivamente aglutinante e corrosiva.
Os seios da figura vertem leite, são uma fonte. Leite em hebraico é Chalav (blx), cujo valor é 40 (40x4=160= qny mamar, sugar os seios). No Ramaiana, o elixir da eternidade é resultado da batedura de um mar de leite, além disso, o leite é o primeiro alimento e a primeira bebida que nutrem o recém nascido, assim, é um símbolo esotérico da pura gnosis, o primeiro alimento dos iniciados, uma vez que o leite é expressamente associado por Maomé ao conhecimento e a sabedoria, segundo um hadith (tradição) registrado por Ibn Omar (El Bokhari, les traditions islamiques, Paris, 1914), há também referências em harmonia com esse conceito na literatura tântrica, o Boddhichitta simboliza tanto o pensamento como o sêmen.
Os Vedas se referem ao leite como a bebida da imortalidade no Agnihotra, a oração matinal: “Indra e Agni vivificam/ este leite em alegre canto: / que ele dê a imortalidade / ao homem justo que sacrifica”. Também nos hinos órficos o leite é exaltado como símbolo da imortalidade: “Feliz e bem aventurado / serás tu feito um deus, e não apenas mortal. / Cabrito, caí dentro do leite”. A relação sugerida do cabrito, que simboliza o recém iniciado já foi acima elucidada.
Assim o leite dos seios de Baphomet é o “leite da virgem”, uma expressão alquímica para o Elixir da Longa Vida.

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Levi desenha penas no dorso da figura, entre os seios e as escamas. As penas são multicoloridas ou policrômicas, como as do pavão, que é, nos Jataka Budistas, um símbolo do Bodhisattva, o iluminado.
Por serem as penas do pavão policrômicas, representam as variações de luz do prisma, simbolizando os sete planos astrais ou os planetas da astrologia clássica. Afinal, todas as cores do espectro que o homem pode captar são em número de sete.
Em outras culturas, como no Curdistão, teremos os Yezids venerando Malik Tauus, o pavão real. Segundo Idries Shah, o significado deste nome é Rei (malik, semelhante à melek em hebraico) da terra verdejante (tauus). É na realidade, para o mesmo autor, um símbolo da soberania (indicada pelo termo Malik) sobre a mente (a terra verdejante - tauus).
As associações do pavão com a vaidade são degenerações típicas do cristianismo.

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As escamas do seu ventre não foram elucidadas por Levi, e podem ser tanto de peixe quanto de serpente. Segundo Levi devem assumir a cor verde, o que as relaciona com Netzach, o firmeza ou vitória, e daí a Vênus, divindade nativa do mar, indicando para alguns que as escamas sejam de peixe, símbolo riquíssimo, relacionado ao elemento água, que pode ser relacionado a três grandes temas: fonte da vida, regeneração e purificação. A natureza aquática de Baphomet, liga-o ao grande mar de Binah, o mar da sabedoria, as águas negras, Maym, sobre as quais paira o Espírito dos Elohym, a água como a matriz ou suporte físico da criação, e também da nutrição do conhecimento (gnosis), pois são várias as passagens nas escrituras sagradas do judaísmo em que se faz referência a “águas vivas”, e água, no Bahir é uma palavra cognata a conhecimento. O simbolismo da água, sugerido pelas escamas de peixe da figura, são demasiadamente complexos para serem analisados aqui.
Na Índia, o peixe Matsya é um avatar do deus Vishnu. Este peixe salva Manu do dilúvio e lhe entrega os Vedas; assim o peixe é o revelador da doutrina sagrada, sendo um ser relacionado à teofania, como a cabra (lembre que o signo de capricórnio é representado comumente com corpo de peixe e dorso caprino). São também considerados como elementos de teofania o Dagon fenício e o Oannes mesopotâmico, ambos portadores da revelação. O peixe além de revelador é também um animal ligado a redenção. É conhecida a história de Jonas, que passou três dias na boca de uma baleia, e também de Ântio, na Grécia, salvo por golfinhos. O simbolismo do delfim mescla os atributos de revelador e redentor fazendo parte do culto de Apolo, o deus da profecia, e dá o nome ao principal oráculo desta divindade (delfos = raiz etimológica de delfim).
A simbologia do peixe é deveras conhecida no mundo antigo. Tal é sua popularidade que foi posteriormente associada a Cristo. A palavra grega ΙΧΤΘΣ, peixe, é um notariqon de Ιεσουσ Χριστσ Τεοσ Θιουσ Σοτηρ (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador).
Além disso, o peixe é relacionado ao espermatozóide ou o sêmen, por motivos bastante óbvios, e daí relacionando-se com o Logos, conforme se pode ver acima. Assim, lembremos ainda que o peixe além de estar relacionado a Vênus, está do mesmo modo a Mercúrio, primeiro pela sua cor e depois por ter sangue frio. Este ultimo símbolo o reconcilia com a qualidade de revelador e redentor, ambos atributos de Hermes ou Mercúrio, o mensageiro dos deuses.

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III PHALO
Chegamos, assim, num dos sigilos mais importantes da figura, o Kerikeyon, ou caduceu de mercúrio (que rompe do manto que oculta as pernas do ídolo e atravessa um semicírculo que representa o anel de constelações do zodíaco) é um símbolo dos fundamentos do mundo (Yesod). O caduceu é posto no ídolo no lugar do falo. Há passagens no Bahir que aduzem explicitamente que o falo dos justos é o fundamento (Yesod) de tudo o que vive, e a coluna sobre a qual se apóiam os céus; há também a passagem em Provérbios, 10, 25 com significado semelhante (o justo é o fundamento –Yesod – do mundo). A figura pode parecer um tanto provocativa para o gosto judaico-cristão, mas o falo na antiguidade não tinha o sentido pejorativo que ganhou após a ascensão dos patriarcas católicos. 
Sua significação não se restringe a atributos eróticos ou sexuais, mas sim ao poder gerador, o canal e fonte do sêmen, como símbolo do Logos Divino, e é venerado de forma velada em inúmeras religiões. O falo é o pilar da vida, seu manifestador, além do que fica no centro do corpo, sendo chamado de sétimo membro, assim não é simplesmente um membro sustentador, mas equilibrador, e o falo de Baphomet não é um falo qualquer, é o Caduceu de Hermes, o símbolo maior do equilíbrio dinâmico das forças complementares.
O caduceu é um dos símbolos mais antigos da humanidade, e remonta ao século XXV a.C. aparecendo simultaneamente em Lagash, na Suméria, e na Índia, nas tábuas Nagakals. Essas tábuas retratam o Brama-danda, o eixo (falo) do mundo, enlaçado por duas serpentes helicoidais (naga) que por suas origens tântricas, representam claramente sushuma (o bastão ou falo) que é, segundo Blavastky, o eixo central da espinha dorsal, pelos quais sobem em forma espiral os dois aspectos do pranayama, os nadis chamados ida e pingala (as serpentes helicoidais – naga-kalas). Os nadis ou canais ou kalas são representados pelas duas serpentes, uma vermelha e a outra azul, símbolos das correntes cósmicas ou akáshicas, de polaridade dupla, equilibrado pelo eixo central ou bastão, por onde flui a energia ígnea da Kundalini. Temos aqui uma reprodução no plano microcósmico do que a cabeça da figura representa, isto é, em relação aos chifres e a tocha entre eles.
Com os gregos, talvez por inspiração egípcia, o caduceu ganha novos atributos, o globo alado, símbolo de Aton, o disco do sol. Assim o símbolo deixa de ser ctoniano (pelas simples presença das serpentes) e ganha qualidade uranianas (representadas pelas asas). Nele também estavam os símbolos dos elementos primários: a madeira do bastão correspondia a terra, as asas ao ar e o fogo e a água pelas duas serpentes. Os romanos interpretavam o caduceu como poder, pela presença do bastão, prudência qualidade das serpentes, a diligencia, sugerida pelas asas e os pensamentos elevados, em virtude do círculo.
A dualidade presente no símbolo faz lembrar os poderes de vida e morte detidos por Hermes, que segundo Pausânias, tinha dois cultos distintos: o Hermes negro (ctoniano) que guiava as almas ao Hades e o Hermes branco (uraniano) que desempenhava o papel de núncio divino.
O caduceu encontra ecos na qabalah, sendo uma síntese hieroglífica da árvore da vida ou Otz Chiim (e o bastão é de fato um símbolo da arvore do Éden, onde a serpente da sabedoria se enrosca). Assim, o circulo alado representa Kether, a cabeça das serpentes são Chokmah e Binah, o nódulo superior Daath, o duplo enlace superior Chesed e Geburah, o nódulo do meio Thipheret, o duplo enlace inferior Netzach e Hod e o nódulo inferior Yesod; Malkut é a base do cetro.
Por fim, citemos Van Lennep (Ars et Alchemie, Bruxelas, 1966) que aduz significações alquímicas ao caduceu:

“É o cetro de Hermes, deus da alquimia. (...) Estas (as serpentes) representam para o alquimista os dois princípios contrários que se devem unificar, quer sejam o enxofre e o mercúrio, o fixo e o volátil, o úmido e o seco, o quente e o frio. Esses princípios conciliam-se no ouro unitário da haste do caduceu que surge, portanto, como a expressão do dualismo fundamental que ritma todo o pensamento hermético e que deve ser reabsorvido na unidade da Pedra Filosofal”.

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O manto que envolve a parte inferior da figura é de cor púrpura, a cor de Chesed, a mesma utilizada pelos imperadores e magistrados romanos, expressando autoridade ou supremacia. O manto está especialmente ligado a transmissão de um ensinamento, a uma tradição herdada (veja os episódios de Elias e Eliseu no livro dos reis). O manto de Maomé era disputado pelos discípulos, e por fim foi dado ao primeiro ayatholá, como sinal da autoridade passada de uma pessoa para a outra, o mesmo acontece entre os sufis. O chefe da tariqa, ou casa, antes de morrer deve delegar a chefia para outro, e a transmissão do manto é o ponto central do ritual.
Significa também o ocultamento dos processos alquímicos, o manto do segredo, de onde emerge a grande obra. Por isso o caduceu não aparece completamente, sua parte inferior está em Malkuth, oculta nas entranhas da terra, sob o manto da fertilidade natural. Daí se infere que o ouro alquímico deve ser extraído das entranhas da terra. Tal asserção infere o uso da fórmula V.I.T.R.I.O.L. (Visita Interiore Terrae Retificando Invenies Ocultum Lapidem), que por sua vez implica no conhecimento da fórmula I.N.R.I., Igni Natura Renovata Integra; Intra Nobis Regnum deI; Isis Naturae Regina Ineffabilis; Igne Nitrum Roris Invenitur entre outras sentenças, das quais a mais comum é a primeira, ou “o fogo da natureza renova todas as coisas”, fogo este que aparece entre os chifres. O fogo natural, conjugação dos quatro elementos incinerados pelo fogo do espírito, que na fórmula rosacruciana escreve-se yrny, 270, ou y (Yaym=água), n (Nour=fogo), r (Ruach=ar) e y (Yabesh=terra), vem das entranhas da terra (V.I.T.R.I.O.L.), sobe pelos nadis e explode em chamas no chakra Sahasrara, o lótus de mil pétalas. A formula I.N.R.I. tanto a latina quanto a rosacruciana conecta-se com a fórmula F.I.A.T. cuja significação iniciática representa o Verbo Divino, também de origem latina (sendo Flatus, Ignis, Aqua, Terra).

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IV SOLVE & COAGULA
As mãos caracterizam a santidade da grande obra, para Eliphas Levi, ademais simbolizam atividade, prática adquirida. Um tratado alquímico taoísta identifica as mãos com os processos de solução e coagulação, da mesma forma que as formulas escritas no antebraço direito e esquerdo.
O y é um glifo da mão, e significa também poder (poder=dy=14). São duas mãos, mas um só poder, isto é, 14x2=28 (poder=xk=28), referindo uma operação única, uma unidade (dvxy=28).
A mão esquerda aponta para a lua branca (Binah), a mão direita para a lua negra (Netzach), assim a figura contrabalança a atuação da severidade, apontando para a pura sabedoria, ao mesmo tempo que indica misericórdia, apontando a firmeza, Netzach. Tanto Netzach quanto Binah são emanações passivas, femininas. Mas cada uma esta num dos extremos da árvore da vida, Netzach abaixo, Binah acima. A natureza severa (ativa) da Grande Obra é sugerida pela força corrosiva de Geburah, enquanto a natureza misericordiosa da mesma é indicada pela ação coagulante de Chesed.
O mudra de ambas as mãos é o sinal sacerdotal do Dadouches, o iniciador, revelando a doutrina exotórica, simbolizada pelos dedos esticados, e ocultando os mistérios esotéricos, reservados aos iniciados, simbolizados pelos dedos dobrados, que escondem parte da palma da mão. A letra hebraica k significa “palma da mão”, e seu valor é 20, a letra y significa mão, e quando soletrada em hebraico vale 20 (dvy). O mistério que o Dadouches oculta é a doutrina secreta, a Grande Obra em si mesma, que é o ouro filosófico (ouro=bvhz=20).

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A figura toda tem o sentido sublimado quando atribuem-se-lhe asas, e sublimada não apenas no sentido espiritual, mas alquímico, isto é, a passagem para a categoria sutil, tal como o simbolismo da águia devorando o leão.
As asas se relacionam com o elemento ar. O vocábulo asas em hebraico escreve-se mypnk, cujo valor é 200, o mesmo de verão - iyq - a estação onde predomina o calor do sol; a letra r significa sol e seu valor é também 200.
As asas são atributos da potência cognitiva (no Rig-Veda é dito que a inteligência é a mais veloz das aves) além do que a maioria dos seres espirituais e mesmo os demoníacos possuem asas, quando são benfazejos, as asas são de natureza uraniana, de pomba ou águia, etc., quando malfazejos, são de natureza ctoniana, sendo as representações mais comuns as asas de morcego.
Na tradição gnóstica as asas significam a potência espiritual, o pneuma (espírito); provavelmente um conceito herdado da cultura egípcia onde o ba, o espírito individual que vaga pelo mundo dos vivos, é uma ave com cabeça humana. (vide a introdução ao Livro dos Mortos de Budge).
O livro dos salmos faz referência as asas do Tetragrammaton (XVI, 8 e XXXV, 8) e segundo Gregório de Nissa, se o criador tem asas, o homem original, feito a sua semelhança, também o teria. A queda ou pecado original foi que as decepou, necessitando, portanto, haver a reconciliação entre o criador e os homens para que este atributo seja reconquistado. As significações desta fábula são obvias.
Em suma, as asas simbolizam a natureza do ser divinizado. Mas de que espécie de asas são as asas do ídolo? E esta pergunta se justifica porque a significação pode se alterar conforme sejam elas de corvo, pomba ou águia...
A iconografia maçônica de Baphomet o mostra como uma águia de duas cabeças, de cor negra (porque ela é relacionada à Fênix, que renasce das suas próprias cinzas, e as asas de Baphomet como águia e como Bode são negras, por que resultam da calcinação). A águia se relaciona especialmente a Fênix porque de tempos em tempos ela troca suas penas, garras e bico, em cujo período torna-se frágil, para depois “renascer”. O símbolo da águia bicéfala apresenta um triângulo negro entre as cabeças com a cifra 33, o triangulo é símbolo do fogo, relacionando-se com o fogo do Dadouches. É também o símbolo do grau 33, o grau máximo do templo, o grau do Venerável Mestre, cuja sentença “ordo ab xaos” expressa a mesma significação, uma vez que o V.´.M.´. cumpriu a Grande Obra, restabelecendo o equilíbrios dos elementos sob a predominância do espírito (ver a fórmula INRI). Em outras iconografias o triângulo com a cifra é substituído pela coroa, relacionando-se então a Kether, o que transpõe o simbolismo para um plano divino.
A águia bicéfala é segundo alguns uma divindade vegetal. Para Frazer (A Rama de Ouro) era o símbolo do poder absoluto, que migrou com as cruzadas na idade média das civilizações da Ásia menor para a Áustria e a Rússia, como símbolo das armas imperiais.
A águia representa em outros panteões a percepção da luz intelectual, a gnosis direta, pois ela pode mirar o sol que não a cega. Era atribuída a Zeus e mais tarde a Júpiter, sendo o emblema imperial da autoridade de Roma.
No extremo oriente ela é Garuda, a montaria de Vichnu. Garuda tem os atributos de nagari, inimiga das serpentes, e também nagantaka, destruidora de serpentes. Tal inimizade provem de lendas pré arianas onde Garuda é o emblema das raças solares e Naga, o ancestral primeiro das raças lunares. Em sânscrito garuda também significa “palavra alada”, um símbolo cognato ao verbo cristão. No Irã a águia ou falcão é um símbolo de varana (poder ou unção divinas) que no Avesta (Zamyad-yashta; XIX, versos 43 e 38) é representado como uma falcão (varaghna) um parente próximo da águia.
No xamanismo indígena é comum encontrarmos a águia como o animal totêmico do xamã. Sua origem encontra-se no mito siberiano na qual a águia é o ancestral dos xamans. A história conta que o Altíssimo mandou a águia para socorrer os homens, perturbados por enfermidade e morte, mas eles não entenderam sua linguagem, então ela copula com uma mulher e ela concebe o primeiro xamã. (Este episódio é contado por Uno Harva no volume Lês representations religieuses des peuples altaiques, Paris, 1959). Há uma analogia com as lendas do nascimento de Cristo, como portador dos poderes curativos de Deus.

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V

O ASTER TON PENTE!

Abaixo da tocha está o Pentalfa, a estrela que indica a quintessência, e conforme Levi:

“O pentagrama é o signo da onipotência (...) do Verbo feito carne e, segundo a direção dos seus raios, este símbolo absoluto em magia representa o bem ou o mal, a ordem ou a desordem, o cordeiro bendito de Ahura-Mazda e de São João, ou o bode de Mendes. É a iniciação ou a profanação, a vitória ou a morte, a luz ou a sombra. Elevado no ar, com duas pontas para cima, representa satã, ou o bode da missa negra; com apenas um dos raios para cima, é o Salvador. O pentagrama é a figura do corpo humano, com quatro membros e uma única ponta, que deve representar a cabeça. Uma figura humana, de cabeça para baixo, representa, naturalmente, o demônio, ou melhor, a subversão intelectual, a desordem, a loucura”.

Goethe conhecia também as virtudes do pentalfa, pois sem dúvida era um Iniciado de primeira ordem; eis como a ele se refere no Fausto:

“Ah, que deleite a vista tal, se estende de súbito por todos os sentidos, e prazer juvenil, sagrado gosto até à medula ardentes me penetram! Seria um deus quem desenhou tal signo que a eterna tormenta em mim serenam, o pobre coração de paz me enchem e com secreto impulso patenteiam em torno a mim as forças da natura? Serei deus? Tão claro se me torna tudo! E patente nestes puros traços vejo ante mim a natureza ativa. Agora compreendo a voz do Sábio: ‘não está cerrado o mundo dos espíritos; o coração tens morto e o pensamento! Eia, discípulo! O terreno peito no rubor da manhã banha incansável!’”

Paracelso o considerava como o mais poderoso dos signos mágicos, onde estão resumidos os mais sublimes mistérios da magia, da alquimia, dos símbolos gnósticos e qabalísticos. Lembra-nos também o mestre que sua ponta virada para cima indica a natureza da obra, ligada a teurgia, ou conexão com a espiritualidade superior, em oposição à goécia, que não seria necessariamente má, contudo teria natureza experimental, o que a torna perigosa para uma pessoa despreparada.
O pentagrama flamejante, como o chamava Agrippa, é identificado com Lúcifer (do latim, aquele que trás a luz, o titulo latino do Dadouches, o Senhor da Iniciação). Lúcifer é também o filho da aurora, a estrela da manhã, rx> ]b llyh, um símbolo do Sagrado Anjo Guardião, !lm ynda, ambos com a mesma valoração gemátrica, 635. O pentagrama é o símbolo supremo de hrvbg, a quinta emanação da coroa, seu valor é 216, porque ela reina e julga (]d=54) sobre os quatro elementos 54x4=216. O pentagrama, portanto, deve estar presente em todos os trabalhos de Magia, os quais ele testemunhará e julgará.
Há um mistério acerca do pentagrama que é muito pouco conhecido. Ele simboliza todas as manifestações divinas. Os ângulos de cada ponta são de 72º(=360º/5). 72 são os nomes de Deus, segundo a qabalah, Shem-há-mephorash, os Nomes ocultos do Tetragrammaton, que se extraem da passagem do Êxodo, XIV, 19, 20 e 21. Há também aqui uma relação com a tetrakys pitagórica cujo arranjo de é este:
o
o   o
o   o   o
o   o   o   o
Somando-se cada um dos elementos chegamos a 10 (1+2+3+4), o número da Unidade manifesta. Há igualmente um arranjo qabalístico do Tetragrammaton, que fica no centro do triângulo teúrgico:

y
h y
v  h  y
h  v  h  y

Somando-se os valores gemátricos de cada linha (10)+(15)+(21)+(26) chegaremos a 72. A doutrina que se extrai disso é que todas as expressões da divindade (72) ocultam-se no y, cuja numeração é 10, e a chave deste mistério se oculta no pentagrama.
Pentalfa (um notariqon gráfico, com 5 “A” conjugados) era como os Pitagóricos a ele se referiam, uma vez que encerrava os cinco deveres do Adepto: ver, ouvir, meditar, bem agir e calar, ou
Ατρεο, Αιστον, Αδαλεσθη, Αγατοπειρον, Αβακιδζι,
bem como as cinco qualidades esperadas: amabilidade, beneficência, incorruptibilidade, castidade e severidade ou
Αγανετοσ, Αγελασοσ, Αγατηοεργοσ, Αδιαφιτηορτοσ, Αγνοσ.
As cinco pontas reapresentam ainda os cinco elementos, como dito no início: o espírito, a água, o fogo, a terra e o ar (em sentido horário); o homem, as ondinas, as salamandras, os gnomos e os silfos, etc.

*  *  *

O simbolismo cognato, tanto do pentagrama quanto do ídolo Baphomético é extremamente maleável, e poderíamos prosseguir infinitamente. Há inegáveis implicações alquímicas, as quais me reservo o direito de abordar em outro ensaio futuro, especificamente relacionando o ídolo a esta disciplina, como o fiz aqui, em que BAPHOMET é posto como um espelho do Adepto.
Julgamos que o presente ensaio tenha trazido mais luz onde não é necessária nenhuma. De qualquer forma, é preciso iluminar o ambiente para que os mais tímidos possam se aproximar do ídolo sem nenhum medo.
Minha intenção maior foi demonstrar Baphomet como um espelho do Iniciado, como disse antes, e também um mapa indicativo, tanto do trabalho a ser desempenhado na Grande Obra como do resultado desta Grande Obra e, outrossim, um hieróglifo dos Mistérios mais sublimes e terríveis.

(Verão de 2008 e.v.)

APÊNDICE
ΝΟΜΟΣ
(EPITETVS)
Sobre o Nome do Ídolo

A origem do ídolo é desconhecida. Eliphas Levi não refere à fonte de onde tenha tirado sua imagem. O mesmo ocorre com o nome cujo significado também é algo controvertido. Tudo o que os eruditos disseram até hoje é pura especulação. Assim, o que segue no resto deste capítulo sem valor (de número 0) é também pura especulação.
Para alguns o vocábulo Baphomet teria origem na Grécia, na conjunção dos vocábulos Bapho+Methis, algo como "Batismo da Sabedoria", que não parece tão inverossímil como a suposição de que seja uma corruptela gnóstica de tvmhb, o hipopótamo do Egito (cuja gematria resulta 453, o mesmo valor de hyx >pn, a alma animal do todo, ou “ANIMA MUNDI”, um título do ídolo entre os Iniciados). A palavra é plural, e não se refere a um animal, mas um conjunto deles. Existem ainda inúmeras hipóteses.
Minha opinião é de que a asserção de Levi esteja correta: TEM.´.OHP.´.AB, Baphomet é um acróstico ou sentença iniciática que significa O Pai do Templo, a Paz de todos os Homens ou TEMPLI OMNIUM HOMINUM PACIS ABBAS.baphomet6667.jpg
De qualquer forma, a raiz etimológica do nome ou a origem da figura não apresentam tanta importância, ainda que o seu estudo talvez revele alguns fatos interessantes como a comparação da grafia de Baphomet, em grego com a qabalah hebraica. É uma operação ousada, e ainda que para alguns seja um disparate, tomemos a seguinte: βαφομηθ = 630. Este valor, na qabalah hebraica corresponde a Espírito Santo ('>ydq 'xvr) e também a Adão e Eva (hvxv ,da), ambas figuras bissexuadas, como o próprio ídolo. Há também um fato interessante a respeito deste valor 630. Somando a cifra com sua imagem invertida 630+036 (cujo zero perde o valor) temos 666, o número da Iniciação e também o numero da Besta no apocalipse.
Besta selvagem em hebraico é hmhb, cujo valor é 52, o mesmo que )my), Mãe Suprema, um título de Binah. Segundo esse jogo nada usual – eu reconheço – de valores gemátricos, poderíamos inferir que Baphomet é a besta selvagem do abismo de Da’ath – Choronzon (?), conforme alguns acreditam, mas não devido a este mirabolante mecanismo que eu apresento aqui. O Iniciado deve enfrentá-lo, portanto, para descansar em Binah, a Mãe Suprema, cuja mão direita do ídolo indica.